Os jovens NÃO SÃO TÃO tecnológicos #Opinião
Esta opinião surgiu após contratar diferentes estagiários e conferir como desempenhavam o trabalho
Jovens não sabem usar computador. Fonte: imagem gerada com Bing Image Creator no dia 4 de julho de 2023 |
Os atuais jovens, com faixa entre 15 e 18 anos (data base na publicação desta opinião), não são tão tecnologicamente íntimos como se falava alguns anos atrás. Lembro de ouvir isso em noticiários que esta geração dominaria todos os dispositivos tecnológicos.
E, infelizmente, apenas um sabia operar computador ou notebook. Os demais, desconheciam como criar pastas e muito menos instalar drivers de impressoras. Imagina, então, formatar um HD e instalar um sistema operacional como Windows? Nem pensar! E se for falar do Linux, então? Corre o risco de imaginarem ser uma nova rede social.
Essa perplexa experiência foi vivenciada quando a Info Usado contratou estagiários para funções básicas na empresa e necessitava-se operar notebook. Até então, 5 jovens com idades de 16 ou 17 já haviam passado pela empresa. Este jovens não conseguiam trabalhar perfeitamente em um computador e era necessário deslocar um pleno para ensinar o estagiário a acessar a internet por um navegador, por exemplo. A dificuldade era tanta que foi necessário criar tutoriais de passo a passo para ensiná-los. E mesmo assim, precisava ensinar novamente quando se perdiam no tutorial.
Esses jovens pertencem à Geração Z e são nascidos a partir de 1995 até 2010. Não é um desmerecimento deles, mas uma observação de que quando a internet passou a se popularizar no Brasil em 2005 e 2006, a televisão comentava exponencialmente da Geração Z de uma forma que dominariam o mundo da tecnologia. Não é bem assim.
Muitos desses jovens sem contato com computadores terão dificuldades em ser até mesmo um auxiliar administrativo. Ser informatizado não é o mesmo que saber usar um Tik Tok ou um Instagram, esses são aplicativos para distração e são poucos os jovens que conseguem fazer das redes sociais a fonte de receita.
Claro, existem jovens autodidatas que aprenderam a criar aplicativos para smartphone, no entanto, esses casos são muito, mas muito poucos. E também não é uma conquista exclusiva da Geração Z. Na humanidade, sempre tiveram pessoas que aprenderam algo sozinhas e conseguiram sucesso como o Geraldo Rufino que era um catador de latinhas, faliu seis empresas e hoje palestra sobre empreendedorismo.
Este texto não é uma crítica, apenas uma observação. Pode ser uma alta expectativa criada em torno deles? Pode, sim, mas a Geração Z é especialista em aplicativos de redes sociais e essa constatação é a crença que o smartphone pode substituir o PC ou notebook. Em período de Pandemia em que as aulas são online, com que qualidade farão os trabalhos escolares? O uso de smartphone é restrito no sentido de escrever um texto interpretativo sobre um assunto, sem contar que é mais difícil de manusear uma planilha eletrônica ou editor de texto.
Para quem vivenciou a época analógica que dependia, às vezes, de uma Barsa para fazer uma pesquisa ou trabalho de escola ou a dificuldade que era para obter programas, drivers, músicas e filmes, a internet se tornou revolucionária por facilitar a comunicação e conhecimento. Então, a partir desta facilidade, não deveria ser usada para elevar o conhecimento ao invés de servir para troca de memes?
Ao falar-se sobre memes, estes sim geram um empobrecimento porque o uso constante de redes sociais traz prejuízos psicológicos ao ver muitas pessoas felizes nas redes sociais. Então, o meme pode servir como uma forma cômica e velada de transmitir algum descontentamento?
Redes sociais são vitrines que as pessoas mostram apenas a melhor versão de si. Mesmo que enganosa, como ficam as pessoas que estão em momentos difíceis da sua vida e visualizam aquela felicidade virtual?
E por que esses estagiários não tem familiaridade com o uso de um computador? Perguntei a eles e a resposta foi porque não tinham computadores em casa e as aulas de informática eram tão excassas no colégio que não aprenderam a apertar a tecla shift e fazer o acento circunflexo.
Ainda que as vendas de computadores caem ano após ano, ainda é um instrumento muito útil de aprendizado e necessário para se ter em casa. Tente comparar uma pesquisa na internet para fazer um trabalho ou escrever um texto entre um smartphone e um computador. A qualidade final será muito melhor usando o segundo. Ou imagine aprender programação em um aparelho que as palavras devem ser digitadas com apenas dois polegares, não terão muito sucesso nessa área que é prodigiosa.
Mesmo que o smartphone reúne uma miríade de tecnologias, a tela de 4" não é confortável o bastante para leituras de textos ou aprendizado de cursos em vídeos. É incômodo fazer um curso pelo smartphone porque é dificultoso fazer anotações ou fichamentos do conteúdo aprendido, principalmente quando os assuntos são teóricos e técnicos.
Além disso, o computador é mais barato que um smartphone se for bem escolhido e não precisa ser novo, pode ser uma peça de segunda mão. Contudo, um smartphone ponta de linha não é apenas um aparelho no bolso, se tornou um símbolo de estatus social.
É devido esta facilidade de reunir diversos recursos em um único dispositivo que os pais pensam ser desnecessário ter um computador em casa. Mas isso se tornará um problema no futuro, pois muitas empresas não contratam estagiários por serem crus em informática. Ou mesmo que estes jovens abram o próprio negócio, irão descobrir que emitir uma nota fiscal ou fazer os controles financeiros não é simples como apertar na tela para dar um tiro como em jogos de tiro em primeira pessoa.
O texto não se aplica a todos os jovens da Geração Z. Se em algum ponto deste texto merecer complemento ou correção, por favor, comente. Será muito bem recebido e atualizado.
Márcio Baldo
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